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Ex-Corinthians jogou de graça na Bulgária e passou apuros por guerra em Israel


Lucas Sasha é um dos destaques do Hapoel Tel Aviv, de Israel© Divulgação Lucas Sasha é um dos destaques do Hapoel Tel Aviv, de Israel
Reportagem: "Alô! É o Sasha?"
Lucas Sasha: "Oi, é sim, estou dirigindo, o que já é um perigo natural para a humanidade. Mas se quiser, podemos falar."
Reportagem: "Não, não. Te ligo amanhã, sem problemas."
Lucas Sasha: "Então está combinado. Você acabou de salvar algumas vidas (risos)."
Foi assim, com bom humor, que o jogador revelado pelo Corinthians contou algumas de suas histórias por Itália, Bulgária e Israel. Depois de passar sete anos no clube do Parque São Jorge e ter sido capitão na conquista do título da Copa São Paulo de 2009, Lucas Sasha, hoje com 24 anos, não ganhou espaço na equipe principal e decidiu sair do país.
Entre passagens por Grêmio Barueri, Pinheiros-ES, São José-SP e Icasa-CE, foram três meses na terra do Papa, para tirar passaporte, e um ano no CSKA Sofia, da Bulgária, em que virou um dos jogadores mais importantes do time, mas não recebeu salários. Em julho de 2013, assinou contrato com o israelense Hapoel Tel Aviv e lá está até hoje, se "aventurando" com as sirenes que tocam pela cidade para avisar o risco de míssil.
Lucas Sasha venceu a Copinha em 2009© Arquivo pessoal Lucas Sasha venceu a Copinha em 2009
Foi para a Itália, mas não jogou
Como a grande maioria dos jogadores de futebol, Lucas Sasha tinha o objetivo de jogar na Europa. O primeiro passo foi tirar o passaporte italiano, em 2011. Para não ficar parado enquanto esperava o processo burocrático, assinou com o Catanzaro, um clube da terceira divisão da Itália, aproveitando que seu empresário tinha contato com o presidente. O volante treinou por três meses e foi inscrito em um campeonato, mas não chegou a atuar.
"Como a janela no Brasil estava fechada, acabei ficando lá. Fiquei esperando para voltar ou conseguir alguma chance na Europa. E como precisava esperar o passaporte sair, meu empresário arrumou um clube para eu não ficar parado e eles mesmo pagava meu salário", contou.
Calote na Bulgária
O volante voltou para casa, mas as coisas estavam complicadas, e surgiu o convite de jogar na Bulgária, que foi logo aceito. A oportunidade abriu as portas para o que Lucas Sasha vive hoje, apesar de não ter
dado muito certo. Desde o início, O CSKA Sofia atrasou os salários do brasileiro e assim foi até o fim da única temporada que ele passou por lá, 2012/2013.
"No começo, relevei os atrasos porque era uma oportunidade. Suportei, até ver que a situação não ia mudar. Me tornei um dos jogadores mais importantes do time e, no fim do primeiro ano, queriam renovar meu contrato. Tinha um ano de contrato, e ofereceram mais três. Antes de começar a segunda temporada, entrei na justiça. Aí, foram obrigados a me liberar. Não foi uma saída legal", lamentou.
Lucas Sasha foi campeão da Copa São Paulo pelo Corinthians© Arquivo Pessoal Lucas Sasha foi campeão da Copa São Paulo pelo Corinthians
Atendeu a sirene em Israel
Mais histórias estavam por vir. Depois dessa experiência, o ex-corintiano assinou com o Hapoel Tel Aviv, de Israel, que em julho do ano passado viveu mais uma guerra contra a Palestina, a terceira desde a tomada da Faixa de Gaza pelo grupos islâmico Hamas, em 2007.
Saber dos conflitos que acontecem por lá, Lucas Sasha sabia. E seu primeiro ano na cidade de Tel Aviv foi tranquilo. No começo da segunda temporada, viveu a primeira "aventura", que amedrontou na hora, mas agora é contada com tranquilidade. Sempre que há risco de cair um míssil, uma sirene toca e todos tem um minuto e meio para ir para um abrigo ou outro lugar seguro, seguindo instruções.
"Eu estava dirigindo, o alarme tocou e larguei meu carro no meio da rua. Segui o que as pessoas estavam fazendo. Fiquei agachado perto de um muro, até poder voltar, quando a sirene parou. Não vi nenhum míssil, mas o susto foi grande. Ainda bem que não foi no primeiro ano. Depois que passa, é engraçado. Mas na hora da medo", contou.
E isso o faz ter vontade de voltar para o Brasil? Não. "Antes de vir, tinha medo. Mas depois minha cabeça mudou totalmente. No Brasil, temos guerras veladas. Milhares de pessoas morrem todos os dias pela violência. Aqui, o dia a dia é bem tranquilo. Sabe quantas pessoas morreram aqui nessa guerra? 64", completou.
Rumo ao Sporting?
Por enquanto, o futuro de Lucas Sasha está incerto, mas ele já recebeu uma sondagem, que torce para se transformar em proposta. Seu contrato com o Hapoel termina em maio, e o clube já ofereceu renovação. No entanto, o brasileiro está sendo sondado pelo Sporting desde janeiro e pode fechar a negociação na próxima janela de transferências da Europa, no meio do ano.
O volante até sonha em voltar para o Brasil, mas não por qualquer oferta. "Sonho de voltar eu tenho, claro. É meu país. Mas seria só por uma coisa muito boa, não para jogar em um clube menor. Sonho em jogar no Corinthians, onde cresci, e no Santos, porque meu pai e meu irmão são santistas fanáticos. Mas acho que será mais para o final da carreira mesmo", finalizou.
Por: Bianca Daga, do ESPN.com.br

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