Maternidades públicas discutem parto humanizado

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Fotos: SES

Uma prática simples e humanizada de dar à luz vem sendo implantada nas maternidades públicas de todo o país a partir da Rede Cegonha. São partos que, entre outras estratégias, permitem a presença de acompanhantes, que reduzem o uso de drogas de indução da dor e onde a mulher torna-se protagonista daquele momento, tendo espaço, inclusive para manifestar a posição que deseja dar à luz.

Em Sergipe, ações nesse sentido vêm sendo estimuladas nas nove unidades do SUS desde 2011, quando a Rede começou a ser implantada. Para capacitar os profissionais das maternidades e ampliar os seus conhecimentos, a Secretaria de Estado da Saúde (SES), por meio da Rede de Atenção à Saúde, com apoio das Fundações Estaduais de Saúde e a Hospitalar promoveu durante dois dias a I Oficina de Capacitação em Boas Práticas em Atenção ao Parto e ao Nascimento. O evento reuniu especialistas de Sergipe, São Paulo e Ceará.

De acordo com a coordenadora da Rede de Atenção à Mulher, Kátia Valença, “a Oficina, ao promover discussões de Boas Práticas de Atenção Obstétrica e Neonatal baseadas em evidências científicas, embasa os profissionais para o exercício da assistência de maneira humanizada, em consonância com as diretrizes da Rede Cegonha. As boas práticas podem ser definidas como um novo modelo de atenção ao pré-natal, ao parto, ao nascimento e ao cuidado à criança até os 24 meses de vida. É um modelo humanizado de um cuidado maior, respeitando a individualidade de cada ser”, definiu.

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“As boas práticas e o parto humanizado não têm nada de romântico ou radical. São a legitimação das evidências científicas. São medidas aplicadas em diversos países desenvolvidos”, disse Mariana Luíza, representante da Maternidade-Escola Assis Chateaubriand, da Universidade Federal do Ceará. Ela, juntamente com o médico obstetra dessa Maternidade-Escola, Júlio Gurgel, apresentou a prática adotada nessa unidade que realiza uma média de 200 partos/mês, todos de forma humanizada, e que tem uma taxa de acompanhantes nas salas de parto de 80%, escolhidos pelas gestantes. “Esse índice não é maior porque existem mulheres que preferem estar sós”, complementou.

Júlio Gurgel falou, durante a apresentação, que as boas práticas precisam de um trabalho em equipe, inclusive envolvendo a mulher como sujeito relacional, informando e tomando decisões de forma compartilhada, afinal, ela é conhecedora do seu corpo. “É interagir com todos e ter um bom relacionamento”, enfatizou.

E é justamente a questão relacional entre os profissionais, usuários e os acompanhantes, um dos maiores desafios na implantação das boas práticas no parto e nascimento, na avaliação da apoiadora temática do Ministério da Saúde para a Rede Cegonha, Eliane Pedrozo. “Romper processos históricos, mudar atitudes e processos de trabalho que não passam por normas técnicas têm sido as nossas maiores dificuldades”, relatou.

Consolidando a rede

Para Eliane Pedrozo, a realização de eventos como a Oficina de Boas Práticas são fundamentais para consolidar a Rede Cegonha e instrumentalizar as discussões dos processos de trabalho, da gestão das maternidades e das evidências científicas. “É um momento ímpar para o diálogo, troca de experiências e para buscar mecanismos de vencer essas questões relacionais”, disse a técnica do MS.

Na avaliação da diretora operacional da Fundação Hospitalar de Saúde (FHS), Luciana Prudente, muitos avanços têm sido registrados no Estado de Sergipe com investimentos realizados na melhoria das maternidades e na capacitação de pessoal. “Há entraves, mas temos muitos avanços conquistados”, complementou.

O superintendente da Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, Luis Eduardo Correia, citou alguns desses avanços. “Conseguimos focar na atenção de alto risco, para a qual fomos criados e, com isso, conseguimos triar melhor as pacientes, otimizando as vagas existentes”, explicou.

Ele acrescentou que o índice de cesariana na MNSL caiu 15% e 40% dos partos são acompanhados por pessoas, geralmente o pai da criança ou a mãe da gestante, indicados pela mulher. “Em setembro, o Ministério da Saúde deverá vir a Sergipe e acreditamos que Sergipe estará apto ao credenciamento de Maternidade Amigo da Criança”, falou.

A consultora Nacional em Atenção Neonatal, a médica do Hospital da Mulher da Unicamp, em São Paulo, Roseli Calil, coordenou a mesa redonda sobre as Boas Práticas no Cuidado ao Recém-Nascido e a Prevenção das Infecções. “As boas práticas não exigem uma tecnologia pesada, mas mudanças de atitudes simples. A higienização das mãos, a esterilização dos materiais e equipamentos usados no parto e após, o uso racional de antibióticos, o incentivo à amamentação desde o primeiro momento do nascimento e o contato pele a pele são estratégias importantes na redução das infecções e da mortalidade infantil”, avaliou a especialista.

Programação

A Oficina de Boas Práticas trouxe ao debate os seguintes temas: “Contextualizar boas práticas obstétricas baseadas em evidências científicas no âmbito da experiência da Maternidade-Escola Assis Chateaubriand”, “Direito do acompanhante, acolhimento, dieta líquida e uso da ocitocina durante o trabalho de parto”, “Acolhimento e classificação de risco, parto normal realizado por enfermeiro obstétrico, manobras durante o parto e deambulação (o ato de caminhar livremente no momento das contrações uterinas", “Boas práticas no cuidado do RN e prevenção das infecções como estratégia para redução da morbimortalidade neonatal: um trabalho para muitas mãos”, “Partograma (gráfico com a evolução das contrações uterinas, dilatação e frequência cardíaca fetal), monitoramento dos batimentos cardiofetais, episiotomia (incisão cirúrgica no períneo) e protocolo de alta da obstetrícia”, “Contato pele a pele, clampeamento do cordão (fechamento do cordão antes de cortá-lo)”, “Protocolo de alta em neonatologia” e “Estudo de casos”.

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